Demorei um pouco pra ter coragem de tocar nesse assunto. Talvez por medo de sofrer ainda mais ou por pura falta de aceitação. Apesar de ser, odeio o rótulo de chorona e frágil. Mas, nesse caso, não deu pra esconder o quanto eu fiquei fragilizada.
Dia 8 de julho de 2010. O dia que perdi a pessoa que mais acreditava em mim. Pra ela eu sempre fui a melhor em tudo: a mais bonita, a mais inteligente, a mais engraçada, a menina que tinha os olhos negros mais raros do mundo. Pouca (ou nenhuma) gente tinha o poder de me botar tão pra cima. Tudo o que eu fazia era o máximo pra ela. E eu nunca tive a oportunidade de fazer o mesmo por ela.
Independente até o último fio de cabelo, nunca precisou de ninguém pra se divertir. Sentava no sofá, abria um vinho e lá ficava, feliz da vida. Aos 50 anos, era cheia de planos. Cheia de vida. Forte. Vaidosa, nunca saia de casa sem se arumar por, pelo menos, uma hora. Teimosa até dizer chega, era difícil tirar algo da cabela dela ou fazê-la admitir que estava errada (eu é que sei!). Se ela queria, ela conseguia. Sobravam-lhe defeitos, mas as qualidades vinham em dobro.
Nunca teve filhos, então eu tomei a liberdade de me considerar com se fosse. E não poderia ter tido 2ª (?) mãe melhor.Madrinha sempre presente. Dava bronca na minha mãe quando eu ficava até tarde na rua. Não gostava que eu saísse durante uma ventania por medo de que algo caísse na minha cabeça, vê se pode. Realizou meu sonho de infância: me deu um cachorrinho. E ele não poderia ser diferente do que é: cheio de personalidade, assim como ela.
Teve um fim que não merecia. Doloroso, tendo que depender de alguém para fazer tudo. Não queria que ninguém a visse. Eu, por respeito ou covardia, atendi a sua vontade. Hoje me arrependo. Não tive a oportunidade de dizer o quanto a amava e o quanto ela significava pra mim. Daria tudo pra ter a chance de agradecer por tudo que ela fez por mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário